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28/04/2023 às 17h50min - Atualizada em 28/04/2023 às 17h50min

BISPOS, ASSASSINATO E PEDOFILIA NA FÉ UNIVERSAL

PASTORES DA UNIVERSAL CONDENADOS A 21 ANOS DE RECLUSÃO

@fabiovieiravisual


 

       Antes de tudo que possa ser lido aqui nessas breves linhas, quero deixar em relevo a importância de não darmos espaço ao monstro do ódio que tem estado tão em moda. Este texto não se trata de ataque a fé de ninguém e nem a história aqui contida se trata de perseguição a qualquer que seja a religião dos condenados. Pelo contrário, versamos sobre a história de uma mãe, de seu amor por seu filho, da luta por justiça e de como a falsa religiosidade pode servir para o mal, de como a hipocrisia pode matar.
 

Para relembrarmos o caso, Lucas Terra foi um menino de 14 anos, fiel da Igreja Universal do Reino de Deus da Cidade de Salvador. Membro ativo desta instituição e apaixonado por sua fé, Lucas Terra foi estuprado e queimado ainda vivo, segundo laudos periciais da polícia técnica, com 90 por cento de seu corpo carbonizado. Segundo a polícia, o menino sofreu muito antes de morrer pela forma como se deu o crime. 

 

O caso aconteceu em 21 de março de 2001, por volta das 20 horas, nas dependências da Universal do bairro do Rio Vermelho em Salvador. No dia 23 de março de 2001, após dois dias de buscas, o corpo do jovem foi encontrado carbonizado, dentro de um caixote de madeira num terreno baldio na Avenida Vasco da Gama, local onde hoje funciona um supermercado. Durante o o ultimo dia de julgamento o próprio advogado de defesa dos condenados informou que o corpo do jovem foi encontrado a partir de informações dos réus.

 

A perícia constatou também que Lucas fora amordaçado e teve as mãos amarradas com um pedaço de uma cortina do próprio templo.

 

Após alguns meses de investigação a polícia apontou o pastor Silvio Galiza como o assassino. O caso teve uma reviravolta após Silvio Galiza revelar que os então pastores Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva também tiveram envolvimento no assassinato de Lucas Terra. Galiza alegou que havia sido ameaçado para que não denunciasse estes dois últimos e assumisse sozinho o crime com promessas de ter ajuda custeada pela Universal, segunda consta nos autos apresentados no julgamento. A motivação do crime, segundo consta nos autos, a partir da denúncia do ex-pastor Silvio Galiza, se deu pelo fato de jovem Lucas Terra ter flagrado Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda em um ato sexual dentro do templo da Universal.

 

POSICIONAMENTO DA IGREJA UNIVERSAL FRENTE AO CASO
 

A Igreja Universal do Reino de Deus nunca deu nenhuma assistência aos familiares da vítima. Pelo contrário, elevou os pastores acusados ao título de Bispos, deu-lhes transferência para outra denominação, colocou-os em programas de evangelização junto a crianças e presidiários para “ensinar”, deu programas de TV e rádio, viagens e toda a assistência jurídica de que eles precisaram. No último julgamento que ocorreu esta semana que terminou com a condenação dos réus a 21 anos reclusão casa um, conta-se uma equipe de 12 dos melhores advogados do país na defesa dos bispos-pastores.

 

A LUTA DA TERRA CONTRA O UNIVERSO
 

De lá para cá já se passaram 22 anos de uma luta incansável de uma mãe guerreira que teve que lutar sozinha, depois que seu esposo Carlos Terra morreu sem conseguir ver a justiça ser feita a seu filho, contra três instituições bilionárias e implacavelmente poderosas: o bilionário bispo Edir Macedo, A segunda maior TV aberta do Brasil Rede Record e a própria empresa da fé Igreja Universal do Reino de Deus.

É de notório saber geral que as instituições ligadas a esta Igreja e ao Bispo Macedo estão enraizadas na vida pública Brasileira de uma tal forma que esta poderia ser considerada uma causa perdida, dado o poderio perigosamente insondável nas mãos um único homem, o Bispo Macedo. Eles têm ramificações no legislativo através de seus deputados e senadores membros, no judiciário, através de seus fiéis, influência no executivo através de prefeitos que eles elegeram, poderio de influência das massas através de seus templos espalhados nos mais longínquos rincões do Brasil e também através da programação gratuita e diária de sua TV aberta.

 

O resultado do julgamento dessa semana - 21 anos de reclusão inicialmente em regime fechado com mais 1 ano pela agravante por ocultação de cadáver - poderia ser considerado uma grande vitória, mas não o é. E nunca o será. A dor dessa mãe e de seus familiares nunca será reparada. Não será suficiente. Poderia ser dito em palavras heroicas que, enfim, a Terra (Marion) vence o Universo (Igreja), mas não. A decisão que o tribunal Rui Barbosa proferiu não é uma vitória, mas um alívio, um alento, um breve sopro a refrescar a alma de uma mãe encaliçada de tanto lutar contra o invencível poderio política, midiático, religioso e financeiro de um império universal.
 

Por @Miguel_Conceição_

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