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08/09/2021 às 18h56min - Atualizada em 08/09/2021 às 18h56min

ESSE DESGOVERNO

Numa fala bem assertiva sobre o governo de Bolsonaro, o professor Dr. Cláudio de Almeida (PUC-RS) disse que “Para que o Governo Bolsonaro dê certo, o Brasil precisa dá errado!” Por Miguel Conceição

Conceição, M.
Miguel Conceição


 

     Não é novidade para ninguém que o momento político pelo qual o Brasil está passando é um todo bastante complexo para se explicar, em poucas palavras,  esse hecatombe que se nos abateu desde o golpe de 2016 contra a então presidenta Dilma Roussef. Os momentos históricos e decisivos que ocorreram naquele ano ainda reverberam sobre o  Brasil. E ao que parece, continuará como um efeito nefasto durante muito tempo, merecendo ponderações.

      Estamos vivendo a história em seu momento mais terrivelmente produtivo. Que o diga, principalmente, as camadas socialmente mais vulneráveis, os mais pobres, aqueles que sofrem diretamente com a fome, o desemprego, a educação abalada por cortes de verbas ou pelo efeito da pandemia e pela falta de acesso ao sistema de saúde já precarizado. É como um grosso caldo amargo de experiências históricas, políticas e sociais férteis que temos que engolir goela abaixo tudo de uma só vez, enquanto outros acontecimentos grandiosos negativamente não param de acontecer. 

        Diante de tudo isso, ficamos estarrecidos, atônitos, em uma surpresa catatônica, se perguntando como e por que chegamos a esse estado de coisas! Baixamos o IDH, passamos da posição de sexta economia do mundo para a décima quarta posição, com os preços dos alimentos nas alturas, com o sistema de saúde em caos sob a “política-do-contra” e do negacionismo, vivenciamos o desemprego cutucando a estratosfera, os nossos indígenas sendo mortos ou tendo suas terras invadidas por grileiros e os nossos biomas sendo destruídos por fazendeiros do agronegócio, os quais marcaram até “o dia do fogo”, só para citar algumas das calamidades que enfrentamos.

            E assim vemos que esse desgoverno não se legitima em nenhuma de suas áreas de atuação. É só ladeira abaixo, sem freio, em descontrole. É Ministro da Educação que luta contra a educação atacando crianças e pessoas com necessidades especiais, ministro do meio ambiente que contrabandeia madeiras e persegue povos originários, secretário de cultura que não aprova festival de jazz, cultiva a cultura do ódio e anda armado, presidente da Fundação Palmares que prega auto-ódio, desmerecendo personalidades negras e perseguindo funcionários com assédio moral em seu gabinete e ministro da saúde que ajuda a propagar uma pandemia, envolvido em negociatas de propinas para a compra de vacinas, enquanto milhares morrem sem leito de hospital e sem o imunizante. 

        Observando-se o caos que se instalou, percebe-se que nada disso foi a partir de um erro, como uma inexperiência ou falta de capacidade de gerenciar politicamente o país, mas como um prática generalizada e sistematizada para desmantelar um anterior projeto de nação mais justo e igualitário e para tornar o Brasil o menos democrático e o mais elitista possível.

           É uma política de tomada de poder pelo desmantelamento de tudo aquilo representa avanço e inclusão do povo. Como falou o professor Dr. Claudio de Almeida (PUC-RS): “para que o governo Bolsonaro dê certo, é preciso que o Brasil dê errado”. E o que vemos é de fato assim que está sendo o processo de retrocesso cujo objetivo é uma ideia e uma prática de fazer o país se dividir, desmantelar-se, dar errado para que as elites deleitem-se sobre os ricos escombros de nossa nação. E No meio de toda essa ode à infâmia, estamos todos nós, sofrendo as agruras sem fim dessa desgraça cataclísmica.

       Como se não bastasse essa famigerada situação pela qual passamos, chega-nos o 7 de Setembro, data que outrora significava uma celebração de nossa unidade nacional, uma festa à nossa democracia e ao nosso povo, quando se esperava uma fala de pacificação ou condolências pelos 600 mil mortos  na pandemia, o chefe dessa balbúrdia em que nos encontramos sobe ao palanque para ameaçar o STF com falas que aludem a um descompasso entre os três poderes, seguido de uma horda, como ele descontrolada, de pessoas que parecem ter perdido o bom senso mínimo de civilidade e irmandade. Verdadeiras bestas-feras humanas, cheias de ódio no coração e ideologia do fuzil a permear-lhes a cabeça; umas cobaias irmanadas em uma organicidade cujo objetivo é o descompasso, a autodestruição e o aniquilamento de nossa pujante nação, mas já enfraquecida democracia.

            Em suma, um universo de aberrações que não se cansam de nos surpreeender. Não sabemos se é uma piada quântica ou uma tragédia cósmica. Mas uma coisa é certa: a História sozinha não dará conta de explicar todo esse horror, todo esse caos causado  pelo desgoverno Bolsonaro e seu circo de horrores.

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