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11/07/2015 às 17h48min - Atualizada em 11/07/2015 às 17h48min

Em missa, papa diz que Guerra do Paraguai foi injusta

O Fato com agências de notícias

Em sua primeira missa no Paraguai, o papa Francisco tocou em um ponto doloroso da história local: a guerra que derrotou o país por uma aliança formada por Brasil, Argentina e Uruguai no século 19.

Francisco classificou o conflito de "injusto", o que tem um significado especial pelo fato de o papa ser argentino.

A Guerra do Paraguai dizimou mais da metade da população do país e a maior parte do contingente masculino, o que comprometeu o desenvolvimento paraguaio. O país é hoje um dos mais pobres da América do Sul, com uma riqueza por habitante inferior à metade da dos brasileiros.

"Com grande valor e abnegação, [as mulheres paraguaias] souberam levantar um país derrotado, afundado, submergido por um guerra injusta", afirmou o papa no santuário da Virgem de Caacupé —localizado na cidade de Caacupé, a cerca de 50 km da capital Assunção—, padroeira do Paraguai.

"Vocês têm a memória e a genética dos que reconstruíram a vida, a fé e a dignidade do seu povo", disse Francisco.

O papa também pediu proteção aos paraguaios que vivem no exterior —cerca de 10% da população do país, a maior parte radicada na Argentina.

GUARANI

Francisco aproveitou a missa para fazer uma referência simbólica à raiz indígena do povo paraguaio ao usar a língua guarani ao rezar o Pai Nosso.

A ordem jesuíta à qual o papa pertence tem uma longa história de proteção do povo guarani da escravidão durante os anos da colonização do país e ajudaram a preservar o idioma. Foi um padre jesuíta, Antonio Ruiz de Montoya, quem publicou a primeira gramática guarani, em 1639.

A língua guarani é um dos idiomas oficiais do Paraguai e é falada por povos indígenas de outros sete países, incluindo o Brasil, a Argentina e a Bolívia. No Paraguai, segundo dados do governo, há 30 mil guaranis.

No final da missa, oficiais do Vaticano leram um decreto que declara o santuário da Virgem de Caacupé, o principal local de peregrinação paraguaio, como uma pequena basílica. Para atingir este status, o local precisa ser reconhecido como uma diocese, um local ativo de liturgia pastoral que sirva de modelo para os demais, além de importância histórica. Com o novo título, o santuário pode usar o símbolo papal, duas chaves cruzadas, em seus móveis e cartazes, um símbolo de sua conexão com o Vaticano.

O papa tem uma antiga admiração pela Madonna de Caacupé, oriunda dos dias em que ministrava para imigrantes paraguaios na periferia de Buenos Aires.

AGENDA CORRIDA

Pouco antes de celebrar a missa, o papa Francisco se ausentou do santuário por alguns minutos, adiando o começo da procissão e levando a especulações sobre sua saúde.

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, garantiu que o papa "está bem" e que Francisco se ausentou "um momento" por estar "emocionado", pedindo então que fosse retomada da canção inicial da missa.

Poucos minutos depois, Francisco apareceu tranquilo com os paramentos litúrgicos e continuou a procissão. Perante as perguntas dos jornalistas sobre o atraso do papa, Lombardi disse: "Está bem, como vocês viram".

Por sua parte, Carlos Morínigo, o medico paraguaio que atende o papa no Paraguai assinalou em comunicado do Ministério da Saúde Pública que "evidentemente, pela fadiga das viagens, está cansado, mas goza de boa saúde e se encontra animado e feliz pelo carinho das pessoas".

Morínigo acrescentou que Francisco, que hoje completa seu segundo dia de estadia no Paraguai, conta com uma vitalidade impressionante para cumprir com a intensa agenda prevista.

O médico fez essas declarações depois que o papa finalizou a missa que celebrou em Caacupé, acompanhado de milhares de pessoas.

Desde que o pontífice chegou ao Paraguai nesta sexta-feira (10), procedente da Bolívia, sua agenda esteve repleta de atos, aos quais se deslocou em sua maioria no papamóvel.

 


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