A bancada de senadores do PT divulgaram nota em solidariedade ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela perda do net Arthur Araújo Lula da Silva, de sete anos, que morreu nesta sexta-feira, 1, acometido por uma meningite meningocócica.
Os senadores Humberto Costa (PE), Rogério Carvalho (SE), Paulo Rocha (PA) e Jaques Wagner (BA) criticaram a decisão da juíza Carolina Lebbos, que apesar de permitir a ida de Lula ao velório e sepultamento do neto Arthur, impôs sigilo à logística e proibiu manifestações do ex-presidente.
"Mesmo agora, nesse momento asfixiante de dor, o perseguem e o humilham. No seu breve momento de liberdade, Lula não poderá falar; não poderá ser filmado ou fotografado; não poderá sequer ser visto. Querem que desapareça. Parece que querem matá-lo em vida", dizem os congressistas.
Arthur será velado a partir das 22h desta sexta em São Bernardo do Campo. A cremação está prevista para o meio-dia de sábado.
De acordo com a JFPR, “a fim de preservar a intimidade da família e garantir não apenas a integridade do preso, mas a segurança pública, os detalhes do deslocamento serão mantidos em sigilo”.
A PF já havia recebido informalmente uma comunicação da Justiça para preparar a logística para a saída do ex-presidente e sua viagem a São Paulo. Um helicóptero espera na Superintendência da PF para levar Lula até base aérea de Curitiba, onde o ex-presidente embarcará em um avião cedido pelo governo do Paraná para a viagem.
Arthur foi internado esta manhã em um hospital em Santo André e faleceu próximo ao meio-dia. Lula foi informado da morte do neto no meio da tarde por um dos advogados, que conseguiu autorização da PF para entrar na unidade, que está fechada até a quarta-feira à tarde em função do Carnaval. Em seguida, Lula pôde falar com o filho Sandro Luís, pai de Arthur, por telefone.
Mais tarde, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, conseguiu também autorização para visitar o ex-presidente. A deputada contou que Lula chorou várias vezes e estava muito abatido. “Lula nos disse que devia ser proibido um pai enterrar um filho, um avô enterrar o neto”, disse Gleisi.
A família de Sandro Luís morava com o ex-presidente desde a morte de dona Marisa e nas redes sociais de Lula era comum ver fotos com o neto. Desde que o ex-presidente foi preso, em abril do ano passado, Arthur foi pelo menos duas vezes visitar o avô.
A defesa de Lula entrou ainda no início da tarde com o pedido para o ex-presidente ir ao velório, com base na lei de execuções penais que autoriza a saída de presos no caso de morte de cônjuge, ascendentes, descendentes e irmãos.
Em janeiro deste ano, quando seu irmão Vavá morreu de câncer, a juíza de execuções penais negou o pedido para que Lula fosse ao enterro com base em uma alegação da PF de que não teria condições de levar o ex-presidente até o local do enterro. Na época, o MPF se posicionou contra a saída do ex-presidente alegando também questões de segurança. Desta vez, o MPF foi a favor do cumprimento da lei.
Um recurso contra aquela decisão no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) também foi negado. Já na hora da cerimônia, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, autorizou que Lula se reunisse com a família em uma unidade militar em São Paulo, onde aconteceria a cerimônia. A decisão, no entanto, foi dada quando Vavá já estava sendo enterrado. Lula então se recusou a sair da cadeia sob as condições dadas por Toffoli (Com informações da Reuters).
Leia, abaixo, a nota da bancada do PT no Senado:
"Foi com muita dor e consternação que a Bancada do PT no Senado recebeu a notícia da morte do pequeno e doce Arthur, neto de Lula.
Há dias em que o sol não brilha, a música cessa e as estrelas somem. Há dias em que os oceanos secam junto com a alma. Há dias em que sobram lágrimas e faltam palavras. Há dias que precisariam ser extirpados do calendário humano.
Esse é um deles.
Lula não merece esse calvário interminável a que é submetido. Inocente, como Arthur, Lula deveria estar solto entre os seus, vivendo a vida de quem deu sua vida para tantas vidas. Deveria poder sorrir o seu sorriso fácil de criança.
Porém, pela injustiça de carrascos convictos, se vê obrigado a se reunir com os seus apenas na dor e no choro. Ou poderá, se deixarem e cumprirem a lei que não cumpriram antes. A lei que teimam em desobedecer, ao condenar um justo à injustiça.
Mesmo agora, nesse momento asfixiante de dor, o perseguem e o humilham. No seu breve momento de liberdade, Lula não poderá falar; não poderá ser filmado ou fotografado; não poderá sequer ser visto. Querem que desapareça. Parece que querem matá-lo em vida.
Mas aqueles que vivem no coração do povo não morrem nunca.
Depois destas noites mudas de oceanos secos e estrelas desaparecidas, virão dias luminosos. Dias de justiça e de alegria.
Dias de criança como Arthur. Dias de vovôs como Lula.
E lá, bem no alto, brilhará uma estrela.
Força, Lula!"
Bancada do PT no Senado Federal
Senador Humberto Costa (PT-PE)
Senador Rogério Carvalho (PT-SE)
Senador Paulo Rocha (PT-PA)
Senador Jaques Wagner (PT-BA)
Senador Paulo Paim (PT-RS)
Senador Jean Paul Prates (PT-RN)
FONTE:247