Não era boato. Na sessão desta terça-feira, 7, o deputado Galba Novaes (PMDB) retornou ao mandato, cerca de um mês depois de ter solicitado licença, por mais de 121 dias, para tratar de assuntos particulares. Com vários documentos e até uma gravação em mãos, o parlamentar fez graves denúncias contra seu suplente, o vereador por Maceió, Pastor Marcelo Gouveia (PRB).
Afirmando que foi forçado a encurtar a licença para “restabelecer a verdade” – em referência ao discurso onde foi alvo de Gouveia – o deputado lamentou o episódio, dizendo que não estava decepcionado, nem surpreso, já que o colega era “acostumado à mentira” e “faltou com a verdade a um Deus que diz servir”.
Novaes reproduziu o trecho de uma gravação que, segundo ele, comprova que o vereador fraudou uma eleição para Mesa Diretora da Câmara Municipal em 2011. “Vou mandar para a Polícia Federal para ver se não é verdadeira”, disse, colocando à disposição dos demais deputados a íntegra da conversa gravada.
Em alguns momentos sem citar o ex-colega de partido nominalmente, o parlamentar desfiou um rosário de acusações contra o vereador, sempre frisando possuir provas documentais das denúncias que envolvem bens colocados em nomes de terceiros, a exemplo de uma Pajero que está no nome de um posto de combustíveis; pagamento de assessores de forma irregular; falsificação de diploma de presidente do diretório e fraude em licença tirada em 2009.
Novaes lembrou ainda que Gouveia é acusado de racismo e intolerância religiosa e relatou que, em seu primeiro mandato, o vereador já “estava comprometido” e traiu a agremiação votando em outro candidato, que não o do partido, para comandar a Mesa Diretora da Câmara.
“Assumiu que não votou em mim e cometeu infidelidade partidária... E agora quer tomar meu mandato a pulso, sem respaldo... Não queiram passar pelo que eu passei”, desabafou o deputado, ao resumir como se deu sua saída do PRB: “Fui enganado, passado para trás e substituído por um forasteiro sem mandato e que não conhece o Estado”.
“O deputado-vereador utilizou a tribuna para jogar impropérios e leviandades... Esperava que ele tivesse mudado para melhor e falasse de projetos... Deixou-me indignado tanto cinismo e peripécias”, afirmou, em outro ponto do discurso, reafirmando que o Pastor não se elegeria sem os votos dele.
Ao final, Novaes disse que ainda teria muito mais a relatar e acusou o vereador de, por falta de coragem, ter procurado o segundo suplente na coligação, o ex-prefeito de Colônia Leopoldina, para ingressar com a ação de perda de mandato contra ele. O deputado lembrou que, no final das contas, foi Manuilson Andrade que requereu à Câmara a cassação do mandato do vereador.
“Isso é pinto... Vocês vão ver o que esse cidadão é capaz de fazer... Qual o Deus que ele serve?”, finalizou Galba, deixando no ar que o capítulo terminou, mas a novela promete ser longa.
Por Vanessa Alencar