PARIS - A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, tem em mãos em Bruxelas um plano para afastar a Grécia da zona do euro por um período mínimo de cinco anos, recebendo em troca o perdão parcial e o reescalonamento da dívida externa. O documento de trabalho foi levado pela chefe de Estado à reunião de cúpula que está em curso neste domingo, 12, em Bruxelas. A proposta tem a oposição do presidente da França, François Hollande, que defende um acordo imediato com o radical de esquerda Alexis Tsipras. A divisão entre França e Alemanha na discussão sobre a Grécia ficou mais clara na última semana, quando peritos do Ministério das Finanças francês passaram a trabalhar lado a lado com técnicos do governo grego para elaborar uma proposta de acordo que impeça o "Grexit" – a saída da Grécia da zona do euro. Hoje, na chegada à cúpula de Bruxelas, Hollande e Merkel voltaram a expor a divisão entre os dois países. "Se a Grécia não estiver mais na zona do euro, é toda a Europa que não avançará mais", advertiu o presidente, ressaltando: "Vamos fazer tudo por um acordo".Em contraste, a chanceler demonstrou muito mais ceticismo na chegada a Bruxelas. "Não quero acordo a qualquer preço", afirmou Merkel.
Já o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, afirmou que a situação é complicada. "Todos estamos comprometidos em chegar a um acordo sobre a Grécia e também sobre a Europa", ressaltou, exortando o fim das negociações o mais rápido possível. "A Europa tem outros temas importantes a tratar."Os governos de França e Alemanha estão divididos porque Hollande não aceita discutir a proposta de saída temporária da Grécia – o chamado "Grexit provisório" – proposto pela Alemanha. Mais cedo, em uma reunião de ministros de Finanças da zona do euro (Eurogrupo), foram discutidos detalhes do plano de austeridade proposto pelo governo da Grécia e que prevê reformas avaliadas em € 13 bilhões – mais do que os € 7,6 bilhões que vinham sendo discutidos até 10 dias atrás no plano de austeridade recusado pela opinião pública grega em plebiscito. Mas, em troca do aumento do rigor fiscal, Tsipras pede a concessão de um terceiro empréstimo no valor de € 74 bilhões e do perdão parcial, ou ao menos do reescalonamento da dívida do país.
Os ministros dos 19 países avaliaram entre o sábado e o domingo o conjunto de reformas propostas. Segundo o ministro das Finanças da Finlândia, Alexander Stubb, uma contraproposta foi feita e está na mesa de negociações. Ela imporia prazos para a realização de reformas de curtíssimo e médio prazos. Segundo o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, há esperanças de um acordo. Já o comissário europeu de Finanças, Pierre Moscovici, o momento final chegou: "Cabe agora aos dirigentes da zona do euro chegar a um acordo".