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11/07/2015 às 17h26min - Atualizada em 11/07/2015 às 17h26min

Há dois anos em reforma, Santa Mônica continua de portas fechadas para gestantes

Previsão é que obra seja entregue em setembro; Cremal diz que após tanto tempo de trabalho, situação do prédio ainda é precária

Gazetaweb

Prevista para durar seis meses, a reforma na Maternidade Escola Santa Mônica, em Maceió, se arrasta desde 2013, com gestantes e bebês de alto risco tendo que procurar outras unidades do estado para atendimento. Apesar de a placa que informa os dados da obra destacar que os trabalhos seriam concluídos em 26 de junho, a previsão dada pelo estado é a de que isso aconteça somente em setembro.

O Conselho Estadual de Saúde (CES/AL) cobra a entrega da maternidade e, de acordo com presidente do Conselho Regional de Medicina de Alagoas (Cremal), a estrutura hospitalar ainda é inadequada, mesmo após dois anos de reforma. Nos corredores da unidade de saúde, ainda é possível encontrar muitos fios soltos, infiltrações nas paredes, vazamentos e materiais de construção espalhados.

"O prédio não é o ideal. Mas como maternidade, para atender a gestantes e bebês de alto risco, é essencial para o estado. O atual funcionamento da maternidade em outras unidades de saúde, como nos hospitais Geral do Estado (HGE) e do Açúcar, é precário. É uma maternidade dentro de outra, o que gera conflitos entre os profissionais e acaba prejudicando o desenvolvimento dos trabalhos", disse o presidente do Cremal, médico Fernando Pedrosa.

O Cremal e o Conselho Estadual de Saúde de Alagoas (CES/AL) aguardam o cumprimento da promessa do governo para a reabertura da unidade hospitalar, que tem passado por constantes vistorias.
 

"Enquanto a reforma não é concluída, a preocupação do conselho neste momento é a vida, para que não haja risco de morte para o bebê e nem para as mães. Queremos evitar que algo catastrófico aconteça, como quase já chegou a acontecer no início de 2015, quando reinauguraram alas sem a estrutura adequada. O Conselho, hoje, está acompanhando de perto a evolução da obra. Mas, também, a evolução dos bebês e das mães, que sofrem danos irreparáveis com a separação e com os arranjos criados nos hospitais Geral do Estado e do Açúcar", disse o presidente do CES/AL, José Wilton.

A diretora da unidade hospitalar, Rita Lessa, está afastada das atividades. A diretora-substituta, Daniela Bulhões, e o diretor de gestão, Rafael Farias, até o fechamento desta reportagem, não atendeu as ligações. Mas, de acordo com a assessoria de comunicação do hospital e porta-voz da direção da unidade hospitalar, o período de conclusão da obra foi estendido para setembro devido a questões burocráticas.

"O prazo para a conclusão da reforma expira em setembro, portanto, a obra ainda se encontra dentro do cronograma. A data que consta na placa [de 26 de junho] é referente a uma das etapas da reforma, nas Unidades Intensivas de Tratamento e Ambiência, que ainda está em conclusão. Tudo foi feito em etapas e passamos por dificuldades para encontrar empresas que atendessem às demandas especiais do hospital", informou.

Ela disse ainda que o atendimento às gestantes de alto risco está sendo feito em dois hospitais: Hospital do Açúcar e Universitário. Já o atendimento aos bebês prematuros, feitos pela UTI Neo Natal da Santa Mônica, estão sendo realizados no Hospital Geral do Estado (HGE).

Na Santa Mônica, atualmente, está funcionando o banco de leite, que recebe doações de leite materno e doa para as mães que estão com problemas para amamentar. No hospital, estão trabalhando apenas funcionários do setor administrativo.

Superlotação

Em entrevista à Gazetaweb, Pedrosa alertou para a superlotação nas maternidades. "A sobrecarga é enorme porque toda a demanda do interior de Alagoas é encaminhada para a capital, o que acaba dificultando o bom processo de funcionamento. A Sesau possui um projeto de regionalização que não sai do papel", ressaltou.

Em contrapartida, a coordenadora estadual da Rede Cegonha em Alagoas, Syrlene Patriota, diz que a regionalização de atendimento hospitalar para gestantes e recém-nascidos de alto risco existe desde 2012 no interior do estado e, em 2013, o processo foi regularizado pelo Ministério da Saúde.

"São quatro maternidades especializadas para atender as gestantes e os bebês, tendo número de leitos suficientes no Hospital Regional de Arapiraca, no Rodolfo Rodrigues, que fica localizado em Santana do Ipanema, e em Maceió, no Hospital Universitário e na Santa Mônica, que está fechada para reforma, mas que permanece atendendo em outros hospitais dando todo o suporte de assistência. O que não existe é a mudança de comportamento das pessoas, que continuam a vir para a capital, achando que somente em Maceió existe atendimento adequado", salientou Patriota.

Questionada sobre a falta de divulgação da regionalização e a superlotação nos hospitais de Maceió, a coordenadora disse que "a mudança completa do quadro demora, mas que os servidores da saúde do interior são orientados a encaminhar as gestantes para os hospitais regionais, que possuem capacidade adequada", ressaltou.

Ainda para acompanhar as constantes irregularidades e o atraso, o Conselho Estadual de Saúde formou uma Comissão Mista para fiscalizar e acompanhar o processo das obras. Além disso, enviou uma solicitação de auditoria para o Ministério da Saúde e para a Controladoria-Geral da União (CGU), com o intuito de saber se foram investidos os recursos oriundos do Governo Federal destinados à reforma.

"A Comissão solicitou documentos de todas os órgãos competentes - da Vigilância Sanitária, do Corpo de Bombeiros e da empresa responsável pela obra - para descobrir de onde surgiram as inúmeras falhas ao longo dos anos e que colocaram em risco as vidas das mães e dos bebês. Não foi apenas em um momento. Nós queremos a garantia de que a maternidade esteja adequada para atender a população e para que as gestantes tenham um atendimento humanizado. Vamos acompanhar a reforma até o último segundo e garantir que a Santa Mônica volte a oferecer o serviço adequado", complementou o presidente.

 

Reforma na Maternidade Escola Santa Mônica se arrasta desde 2013 (Foto: Eduardo Denisson)

 

Previsão dada pelo estado é a de que obra seja concluída somente em setembro (Foto: Eduardo Denisson)


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