O juiz aposentado Marcelo Tadeu, que já trabalhou na 4° Vara Cível e na 12ª Vara Criminal de Maceió, confirmou a disputa pela vaga de deputado federal pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT). A afirmação ocorreu durante o programa Perguntar Não Ofende, promovido pelo jornal A Notícia.
Na carreira, as denúncias envolvendo políticos fizeram parte de sua magistratura, sendo ele um dos poucos que desvencilhou as amarras da imparcialidade no judiciário.
Como o mais novo candidato a Câmara Federal, Tadeu almeja uma reforma ampla no Judiciário brasileiro, começando nos critérios para se tornar juiz, ou seja, quer democratizar a justiça para mais tarde se discutir outros pontos da justiça.
Para o entrevistado, “a defesa também ocorre em prol das leis, que devem ter uma melhor interpretação, para não caber julgamentos e condenações mal elaboradas no país”.
OPINIÃO FORTE
Ex-magistrado não é a favor da prisão de Lula e critica Moro
Segundo o entrevistado, Moro foi fabricado pela mídia
O entrevistador, o jornalista Ildo Rafael, questionou a polêmica envolvendo seus argumentos na questão da Lava Jato, momento em que Marcelo Tadeu fez uma crítica ao juiz federal Sérgio Moro. Para ele, o magistrado não atuou de forma igualitária, independentemente da pessoa investigada, e que por isso não apoia seu trabalho no judiciário.
Desde que tomou as rédeas da investigação quando ocorreu o escândalo de corrupção no Paraná até o julgamento de Lula, Moro, segundo ele, não atuou com o mesmo vigor. No entanto, faz questão de lembrar que muitos brasileiros passaram a defender a atuação dele por “pressão e propaganda da mídia”. Após toda repercussão do julgamento do ex-presidente, Marcelo Tadeu afirmou na entrevista que é a favor da soltura de Lula, mas que, no momento, a tentativa seria um fracasso.
A Corregedoria Geral de Justiça do Estado de Alagoas abriu uma sindicância em 2017 para apurar a presença de Marcelo Tadeu em uma aula pública sobre a operação Lava Jato. Na decisão, publicada no Diário Oficial do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), foi interpretada pelo ex-magistrado como uma tentativa de evitar que ele participe de um novo debate público sobre a operação.
Quando participou do debate, ele explanou a ideia de que Moro, através da parcialidade, criou uma divisão. Dessa forma, o juiz federal simbolizava algo que estaria rumando para atingir determinado segmento político, “era como se a direita estava sendo protegida”. Há rumores de que a atitude do juiz tenha sido estimulada por Joaquim Barbosa, que na época do mensalão preferiu julgar o caso do PT antes do PSDB, que cronologicamente chegou primeiro a casa.
“Dessa forma começou a julgar para condenar os responsáveis do PT, deixando adormecido o mensalão do PSDB, a partir daí já mostrou o que Joaquim queria atingir com sua posição, graças a Deus não saiu candidato à presidência”, contou, ainda revelando no desfecho que Joaquim chegou a patrocinar um curso da Agência de Inteligência Americana (CIA) para Moro, nos Estados Unidos.
O momento de tensão econômica do país entre greves e protestos é, segundo Marcelo Tadeu, um reflexo do impeachment aplicado a Dilma Rousseff. “O povo é o verdadeiro sábio da história, o supremo permitiu que a democracia fosse agredida e agora tentam remendar. Não mexam com a soberania popular, se mexe nada dá certo”, contou.
POLÊMICA
“Tem juiz que só sabe tirar proveito”, revela
Sobre o STF, Marcelo Tadeu chama todos os ministros de “covardes”
Os processos, que correm pela justiça, ainda podem ser enfraquecidos de muitas formas, segundo o ex-magistrado. A primeira delas está relacionada a autoridade. Esse aspecto está presente especialmente quando há na relação de acusação réus importantes.
Essa autoridade acaba, por vezes, corrompendo o judiciário, por isso, na opinião do entrevistado, é necessário ter mecanismos de controle para eliminar da instituição aqueles que atuam na profissão apenas para tirar proveito dos privilégios oferecidos pelos demais poderes.
Na oportunidade, ele avaliou a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) no país e disse que dá nota zero aos integrantes, porque possuem uma postura covarde.
Os 11 magistrados do STF, são para ele, invasores que obrigam a sociedade a se comportar como eles ordenam, através de suas decisões.
ESCOLHAS
“Votaria em Ciro Gomes e Renan Calheiros”, diz ex-magistrado
Marcelo Tadeu disse ainda que não votaria em Rodrigo Cunha
Com a proximidade das eleições, as intenções de voto começam a ficar mais evidentes. Para presidência, a declaração de voto foi certeira, Marcelo Tadeu declarou total apoio ao candidato Ciro Gomes e, não segue o posicionamento do partido, votando em Renan Calheiros para senador.
Ele justificou que Renan é importante para Alagoas e que a população precisa dele no Senado como apoio.
Quando perguntado sobre em quem não votaria, ele respondeu que Rodrigo Cunha está fora de cogitação por ser do PSDB, uma questão ideológica e de ponto de vista partidário, que aponta o partido para um estado mínimo.
Marcelo Tadeu não descartou a possibilidade de disputar o Senado caso no cenário estivesse Ciro Gomes para presidente e Ronaldo Lessa rumo ao Governo de Alagoas.