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14/05/2018 às 16h47min - Atualizada em 14/05/2018 às 16h47min

Caras Pintadas denuncia a Polícia Federal suposta Máfia das Casas na Prefeitura de Maceió

O Fato com Reporte Maceió

Na manhã desta terça-feira, esteve presente na sede da Superintendência da Polícia Federal em Maceió, a Coordenação Nacional do Movimento Caras Pintadas, Requerendo “PROVIDÊNCIAS URGENTES PARA INVESTIGAÇÃO DE SUPOSTO ESQUEMA DE BENEFICIAMENTO COM PROPINA NO PROGRAMA DO GOVERNO FEDERAL MINHA CASA MINHA VIDA NA PREFEITURA MUNICIPAL DE MACEIÓ”. Este suposto fraude com beneficiamento com pagamento de propina por grupo de pessoas interessadas em adquirir uma unidade no Conjunto Maceió I, entregue no bairro de Cidade Universitária, em dezembro de 2017. Para dar celeridade ao processo de compra, o grupo de golpistas diz ter encontrado uma brecha na lista dos “sorteados”. Eles seriam beneficiados, com garantia de prioridade na lista, caso se dispusessem a pagar uma quantia adicional.
A proposta foi feita por Valmir de Lira Paes, de 28 anos, assessor do Gabinete de Governança da prefeitura, à disposição da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer desde 17 abril de 2017, como mostra nomeação no Diário Oficial do Munícipio. O homem, que também é parente do senador Benedito de Lira (PP) e apoiador da campanha de Rui Palmeira (PSDB) aparece em um vídeo enviado ao jornal A Notícia), tentando explicar aos “beneficiados” o motivo da demora dos nomes, que apesar de prometidos, não aparecem nas listas.
“Os cadastros são mandados por demanda para a Caixa Econômica Federal, tem a demanda dos conhecidos, tem a demanda de quem fez o cadastro pela internet, tem a dos idosos, associações e de vereador. Então de todas as demandas, essa foi a primeira que saiu. Ainda será aberta uma nova inscrição em agosto ou setembro para encaixar mais alguém dos vereadores e quando for feito isso ainda vai ser mandado pra Caixa. Ela analisa e manda de volta para a secretaria de habitação, isso leva tempo”, explicou Valmir.
Curiosa, uma mulher pergunta quando os inscritos por ele devem aparecer na lista, Valmir logo responde que será na última lista. Ele alega que nesta condição, o cadastro não passa pela triagem, já que esta etapa eliminaria muitos dos que optaram pela prioridade. Com a isenção da triagem, os cadastros iriam diretamente para a Caixa, sem voltar para a habitação.
Na oportunidade, o homem ainda é cobrado pela demora na entrega do residencial. Ele explica que o conjunto era para ter sido entregue em junho, não sendo realizado em função da inclusão das famílias desabrigadas pela chuva, por decreto do prefeito Rui Palmeira. Processo que exigia burocracia e tempo. Mesmo assim prometeu naquele instante, que em dezembro, as residências seriam entregues.
Após o pagamento da parcela, os bene­fi­ciados receberam uma documentação da Caixa e assinaram uma De­cla­ra­ção de Beneficiário do Programa de Ha­bi­ta­ção Minha Casa Minha Vida, assim co­mo preencheram um cadastro socioeco­nô­mi­co da Prefeitura de Maceió. Na “compra”, eles foram informados que as casas se­riam entregues em abril do ano passado, no en­tanto, mesmo após a inauguração do residencial, o grupo não foi contemplado com a moradia.
Em um áudio gravado, Valmir explica que o vice-prefeito Marcelo Palmeira também estaria diretamente ligado com algumas pessoas da Caixa, que supostamente es­tava segurando as casas, a fim de benefici­ar a possível candidatura de Rui Palmeira ao governo. Dessa forma, Marcelo sairia em van­tagem por assumir o cargo da prefeitura.
Na conversa, o assessor que, mora no bairro do Pinheiro, ainda confessa que anda armado e utiliza outro carro para ninguém desconfiar de seu paradeiro, já que tem sido ameaçado pelas pessoas que aplicou o golpe. Na tentativa de recuperar o dinheiro ilícito, Valmir explica que não há chance de que eles devolvam a quantia repassada.
“Vamos ser realistas, caso as casas não saiam, o dinheiro não existe mais, ou você acha que eles iam ficar juntando dinheiro?”, questionou Valmir ao se referir do recurso proveniente dos golpes. Ele disse que duas vítimas já tinham ido a procura dele na Caixa Econômica e, que por conta disso, agora a situação está mais complicada.
Apesar de se manter precavido, por medo de retaliações com os clientes, Valmir aparece bem nas redes sociais. Em diversas fotos é possível vê-lo em um bom carro e apreciando cervejas em restaurantes. Ele também tem utilizado a conta do Instagram para promover uma possível candidatura intitulada: Valmir Lira, uma nova história.
Interessados pagaram mais de mil reais para furar fila
O jornal A Notícia conversou com algumas pessoas que aceitaram participar do esquema. Um dos compradores, que hoje mora de aluguel, diz que precisou pegar um empréstimo de R$1.200 para pagar o acordo e agora terá que arcar com o prejuízo, já que não foi contemplado com a casa.
Uma mulher também confessou que chegou a parcelar o valor de quase R$1.400 para obter vantagem na lista de aprovados. Ela também mora de aluguel e planejava viver na nova residência no ano passado, mas também não recebeu as chaves, nem o dinheiro de volta.
Em uma foto também enviada ao A Notícia é possível ver um documento repassado para Valmir. Nele continha o nome das últimas pessoas que teriam pago a garantia em julho e novembro de 2017. Logo no fim do anexo, uma assinatura do rapaz concretiza o recebimento de cadastros e dinheiro.
As pessoas, que optaram pelo pagamento adicional, disseram ter conhecimento sobre outra lista com centenas de pessoas inscritas com seus respectivos telefones. Alguns chegaram a receber as casas, já outras parecem estar na mesma situação, ou seja, também foram vítimas do golpe.
Uma mulher disse que ficou sabendo do esquema através de uma sobrinha, amiga de um dos responsáveis pelo oferecimento do benefício. “Quando ela falou, eu não me interessei. Sabíamos que não era algo legal, mas meu marido quis e então decidimos arriscar. Ele pegou dinheiro emprestado com o pai”, conta lembrando que uma amiga já tinha comprado uma casa no condomínio nas mesmas condições, chegando a receber poucos meses depois.
Outra pessoa diz que foi avisada de que estaria correndo o risco de perder o dinheiro, já que nem sempre os que pagam pelo acréscimo na lista são contemplados. A maioria dos acordos eram fechados via telefonema e acompanhados por WhatsApp. Em uma conversa, uma pessoa responsável pelo repasse do dinheiro garante a um cliente por mensagem de texto que os nomes irão sair na lista, mas de forma ilícita.
“A maioria dos nomes que saíram são nomes fantasia, só para tapear, até porque 2018 é ano de eleição, e não precisa ser nenhum inteligente para saber disso. O restante das casas irá sair no começo desse ano ou durante as eleições, assim como foi feito ano passado. Não precisa de desespero, vai dar tudo certo na hora certa”, informou.
 


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