O pequeno Bruno, 11, e a avó Maria felizes em ver o pedido da criança atendido ( Divulgação )
Em Franca, interior de São Paulo, um menino de 11 anos chamado Bruno escreveu uma cartinha para o Papai Noel, pedindo como presente itens inusitados como pão de forma, presunto e muçarela e, se possível, uma cesta básica para dividir com a avó que está em tratamento contra um câncer no intestino.
A carta foi encontrada próximo à garagem da vendedora Mayara Estevão; ela ficou comovida com o que leu e resolveu atender os pedidos da criança que mora na Vila Aparecida. Na carta, Bruno convidava o 'bom velhinho' para visitá-lo. O encontro aconteceu nessa sexta-feira (22) e o garoto ganhou, além do sanduíche, uma festa de Natal na casa da nova amiga.
“Estou muito feliz com o que acabei de ganhar. Eu prefiro comida do que brinquedo e eu amo minha avó”, disse o estudante, emocionado.
Surpresa
Segundo Mayara informou, quem encontrou a carta foi o marido quando estava indo para o trabalho. O pedaço de papel dobrado estava no chão, perto do portão da garagem do prédio onde o casal mora no bairro Jardim Lima.
“Quando ele me mostrou, eu fiquei muito comovida. Chorei muito, porque essa cartinha dele é muito especial e muito diferente”.
Após ter se comovido lendo a carta, ela resolveu procurar e menino e foi até a casa dele. No encontro, Bruno a recebeu no portão e levou para ver a avó que cuida dele desde os primeiros dias de vida.
Carta na íntegra:
Querido, Papai Noel!
Sou Bruno. Tenho 11 anos. Moro com minha vozinha desde que nasci e ela está muito doente. Operou do intestino e agora faz quimioterapia. Oro para que ela sare logo. Escrevo porque vivemos de um salário mínimo para aluguel, água, luz e remédios que o SUS não dá. E ela não pode comprar uma coisa que gosto muito, que é o bauru. Gostaria de ganhar pão de forma, presunto e muçarela para matar a minha vontade e, se possível, uma cesta básica para alegrar meu Natal e de minha avó. Venha me visitar.
Feliz Natal! Deus lhe dê em dobro!
História de Bruno
A avó, Maria Sueli Cintra, é viúva e arca com todas as despesas da casa com a pensão mensal que recebe, no valor de R$ 770. Nos gastos estão o aluguel de R$ 350, contas de água e luz, que somam R$ 120, e o básico da alimentação.
Maria descobriu recentemente um câncer no intestino, foi operada e começou a fazer sessões de quimioterapia. Em virtude da doença, parte do orçamento doméstico é destinada aos remédios e ela ainda passou a pagar uma van para levar o neto à escola. Alguns amigos ajudam nas necessidades que o dinheiro do mês não cobre.
Diante de tudo isso, a avó o incentivou a escrever a carta e espalhar o texto pela cidade.
“Eu chegava da escola e não tinha nada pra comer. Nada, e ela passando mal. Eu não aguentei. Eu peguei um papel e comecei a escrever. Eu que entreguei a carta.”
“Eu falei pra ele escrever na cartinha o que ele tinha vontade de comer. O que a gente ganhar tá bom, o que Deus der tá bom demais”, disse Maria Sueli.
Gesto fraterno
Após o nascimento desta nova amizade entre Mayara e Bruno, a vendedora realizou o seu desejo de comer o bauru e o convidou, junto com a avó, para fazer a ceia no dia 25 em sua casa. Para a vendedora, o gesto do menino deve servir de reflexão e despertar nas pessoas o verdadeiro espírito natalino.
“Você [Bruno] quis matar a sua vontade de comer e você pode ter certeza que o papai do céu vai abençoar muito pessoas como você. Você e sua avozinha. Eu gostaria que a senhora e o Bruno fossem passar o Natal comigo e com a minha família. Eu quero que a minha família veja esse exemplo, porque foi graças à senhora que o criou dessa forma”.