O Fato Publicidade 1200x90
09/11/2017 às 18h23min - Atualizada em 09/11/2017 às 18h23min

Aécio destitui presidente do PSDB; Tasso fala em pressão do Planalto

O ex-governador Alberto Goldman foi indicado para substituir presidente interino no comando do partido

O Fato com Estadão

BRASÍLIA - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) destituiu nesta quinta-feira, 9, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) da presidência interina do PSDB. Segundo nota divulgada pelo senador, o motivo é a "desejável isonomia" entre os candidatos que disputarão o comando da sigla em dezembro. 

A candidatura de Jereissati foi oficializada nesta quarta-feira, 8. Ele deve ter como adversário na disputa o governador Marconi Perillo (PSDB-GO), que tem o apoio do grupo ligado a Aécio.

Até a disputa, o partido será presidido de forma interina pelo ex-governador de São Paulo Alberto Goldman, que é o mais velho entre os vice-presidentes da sigla. 

+++ Análise: PSDB resolve cometer suicídio coletivo em praça pública

Goldman disse que o senador mineiro tomou a decisão de destituir Tasso Jereissati do comando tucano porque tem "prerrogativa partidária" para isso, segundo o estatuto da sigla. "Aécio tem essa prerrogativa estatutária e eu apenas obedeço o estatuto. Vou procurar fazer uma disputa com mais isonomia", disse Goldman ao Estado/Broadcast.

O ex-governador foi escolhido por ser o mais velho entre os oito vice-presidentes nacionais do PSDB. Segundo Goldman, é possível que, até a convenção, surja um terceiro nome.

BASTIDORES

Tasso e Aécio tiveram uma discussão dura antes do anúncio de que o senador cearense seria destituído da presidência do partido. O tucano mineiro pediu ao colega, na conversa, que renunciasse ao cargo para que houvesse "isonomia" na disputa. Tasso, então, segundo relato de aliados, respondeu em tom duro: "Você prorrogou seu mandato de presidente do partido sem consultar a executiva". O cearense disse que não renunciaria e, diante do posicionamento, Aécio o avisou que, com base no estatuto, determinaria sua destituição. 

Segundo interlocutores do senador cearense, Tasso conversou por telefone com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que teria demonstrado "perplexidade". O ex-presidente interino recebeu telefonemas de tucanos de vários estados, entre eles de Alckmin. 

PRESSÃO

Tasso  afirmou que o motivo pelo qual Aécio o tirou do cargo são diferenças “profundas” e “irreconciliáveis” entre eles de comportamento ético, político, visão de governo e fisiologismo. Tasso disse que o Palácio do Planalto influenciou no ato de Aécio, que alegou sofrer “pressão”, sem detalhar de quem.

“Estou desempregado”, ironizou o Tasso em entrevista coletiva a jornalistas em seu gabinete no Senado.  Aécio solicitou, numa conversa reservada entre os dois, que Tasso deixasse a presidência interina da legenda para que houvesse “equidade” na disputa entre ele e o governador de Goiás, Marconi Perillo, também candidato a presidir o diretório nacional tucano. Tasso se negou. Em seguida, Aécio redigiu um comunicado da dispensa, no qual reassumia o mandato do qual estava licenciado desde o escândalo da JBS e logo se afastava, passando a interinidade ao ex-governador paulista Alberto Goldman.

“Eu pedi a Aécio certa sinceridade quando viesse argumentar as razões, porque, afinal de contas, nós éramos amigos, e somos, espero, durante 30 anos. E que eu sabia perfeitamente que ele não queria isso em nome da equidade. Pedi apenas que Aécio falasse comigo com toda franqueza. Que ele na verdade não queria que eu fosse candidato nem presidente do partido, que era essa a questão, porque nós temos hoje diferenças profundas, muito profundas. São diferenças conhecidas, desde o comportamento político, comportamento ético, visão de governo, fisiologismo deste governo. Não é que ele seja fisiologista, mas concordar e se omitir é tão grave quanto ser. Eu só queria que Aécio não trouxesse justificativas que não fossem republicanas, porque não são. Eu preferia que ele me afastasse que eu mesmo pedir (afastamento), para ficarem bem nítidas as diferenças. Acho justo que, tendo essas diferenças profundas, Aécio não me queira como candidato.”

Tasso afirmou que Aécio não disse de onde partia a pressão que alegava sofrer para tomar a decisão de tirá-lo do cargo de interino. Mas, no seu entender, houve influência do governo Michel Temer. Tasso defende o desembarque tucano do governo, com entrega dos quatro ministérios que o PSDB ocupa (Cidades, Relações Exteriores, Governo e Direitos Humanos). Aécio prefere manter a adesão a Temer.

“Aécio não está pensando no coletivo do partido há muito tempo, desde quando está agarrado a essa presidência do partido. Se estivesse pensando, isso não estaria acontecendo hoje, nem essa crise. É mais importante a gente estar unido à voz das ruas, do que apegado às benesses do poder”, disse.

Tasso negou que vá se desfiliar “independente do que aconteça”. “O PSDB desses caras não é o meu PSDB”, afirmou. “Não é do Fernando Henrique, do Mario Covas, do Zé Richa, do Franco Montoro. Não é esse PSDB que está aí.”

O senador afirmou que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, hoje principal presidenciável do PSDB, foram surpreendidos com a atitude do senador mineiro e que não há possibilidade de conversa. “Foi uma surpresa para todo mundo”, disse. “Não há o que mediar.”

Ele confirmou que vai manter a intenção de disputar a presidência da Executiva Nacional contra Perillo, nome defendido pela ala aecista do PSDB. “A candidatura continua e até acho que se fortifica nesse momento. Não é fácil enfrentar a estrutura de poder do governo federal, mais o próprio partido. Esse movimento (candidatura) não é só meu, é nosso. É um movimento dentro do partido e o que eles decidirem eu vou acatar. A gente pode fazer um movimento forte dentro do PSDB.”

ESCOLHA DO PRESIDENTE

Em conversa recente, Perillo disse ao senador cearense que aceitaria abrir mão caso o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fosse indicado para o cargo.

+++ Candidatos tucanos disputam votos de 395 correligionários

Outra opção debatida entre os tucanos é o governador Geraldo Alckmin ser ungido presidente do PSDB. Dessa forma, ele teria mais flexibilidade para articular sua pré-campanha presidencial. 

+++ Intelectuais do PSDB lançam manifesto em favor de Tasso e pela saída do governo

O governador goiano começa nesta sexta-feira, 10, a rodar o Brasil em sua campanha para conquistar os votos dos delegados tucanos que participarão da convenção. Até sábado, ele vai a Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre.

Um dos estados que receberá maior atenção do governador será São Paulo, que conta com quase 1/3 dos delegados. Ao todo, o colégio eleitoralque escolherá o novo presidente da sigla tem 395 integrantes, 150 delegados eleitos pela base, 180 integrantes do diretório nacional, 12 senadores e 46 deputados federais, além dos 27 diretórios estaduais


Link
Notícias Relacionadas »
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp