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28/12/2015 às 16h12min - Atualizada em 28/12/2015 às 16h12min

Je suis, Chico!

Uma reflexão sobre a intolerância

Marcus Robson Filho

Na última semana, um dos fatos mais mencionados na imprensa nacional e também nas redes sociais foram os insultos de que foi vítima o cantor, compositor e escritor Chico Buarque de Holanda. Ao sair de um restaurante no Rio de Janeiro, três ou quatro pessoas o abordaram para, de forma hostil, ameaçadora e superficial, contestar sua posição em defender o Governo Dilma, um deles chegou a dizer que quem apoia o Partido dos Trabalhadores era um merda.

Repetiu-se, nesse episódio, o que se lê nas redes sociais diariamente: um discurso de absolutos desrespeito e intolerância aos que desafiam ser contrários aos que defendem o impeachment da Presidente Dilma. Seguiram-se a esse fato comentários ainda mais raivosos e intolerantes dirigidos a Chico Buarque, questionando sua obra, num patamar de hostilidade que só esse ambiente de intolerãncia em que se transformou a internet justifica.

Com efeito, as redes sociais potencializaram esse clima de intolerância que se agudizou no Brasil após o segundo turno das eleições presidenciais do ano passado. Perplexo, cheguei a lei um comentário que dizia que Chico Buarque de Holanda era um músico “sofrível”. Meus amigos, Chico Buarque de Holanda, a quem se pode criticar sobre qualquer coisa, representa, juntamente com Cartola, Dorival Caymmi, Toquinho, Paulinho da Viola, Pixinguinha, Luiz Gonzaga, Tom Jobim, dentre outros, o que há de melhor na música brasileira.

Suas músicas serviram como hinos de resistência de uma geração que lutou exatamente para que vivêssemos em um ambiente de profundo respeito às liberdades e de tolerância em relação aos que, por convicção política, resolvem assumir posições e exterioriza-las. Suas letras, todas feitas com profundo esmero e profundidade, dizem muito sobre a alma de nosso país e de nosso povo, tais como Vai Passar, Pedro Pedreiro, Bye Bye Brasil, Cálice, Gente Humilde, Roda Viva, e tantas outras.

Sugiro aos que se pronunciaram contra a brilhante obre de Chico Buarque, os quais, provavelmente, devem ouvir e gostar dessa música de letra pobre, melodia e harmonia medíocres e comercial, que faz sucesso no Brasil hoje, que, em primeiro lugar, respeitem a genialidade de Chico Buarque de Holanda, e, depois, que, se quiserem divergir de suas posições políticas, que o façam, pois é assim a democracia, porém, de forma inteligente, menos superficial e, sobretudo, de forma respeitosa e tolerante. Sugiro que sejam mais GENTE HUMILDE, ou então, “CÁLICE”!

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