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22/09/2015 às 12h05min - Atualizada em 22/09/2015 às 12h05min

Dólar alcança ao maior valor histórico, acima de R$ 4

O Fato e Agência Folha

O dólar atingiu nesta terça-feira (22) seu maior valor histórico em relação ao real com o mercado cético de que o governo terá êxito nas aprovações de novas medidas fiscais, necessárias para evitar que o país tenha sua nota de crédito cortada por agências internacionais de classificação de risco.

Às 11h05 (de Brasília), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha valorização de R$ 1,48%, para R$ 4,050 na venda. É o maior patamar da história, superando o recorde atingido na véspera de R$ 3,991. Já o dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, avançava 1,73%, para R$ 4,051 —também o maior valor histórico, por ora, considerando cotações de fechamento.

É preciso considerar, no entanto, que o cenário econômico entre 1994, quando o Plano Real foi criado, e 2015 mudou drasticamente. O valor de R$ 4 naquela época, por exemplo, hoje valeria cerca de R$ 12,75, após correção inflacionária.

Na Bolsa, o principal índice da BM&FBovespa operava no vermelho. O Ibovespa recuava 0,53%, para 46.342 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 1 bilhão. A BM&FBovespa interrompeu, às 10h40, a divulgação das variações de seus indicadores, devido a uma falha no cálculo dos índices no Segmento Bovespa. Até 11h30, a situação ainda não tinha sido normalizada.

Além do cenário interno, a expectativa de aumento de juros nos Estados Unidos ainda em 2015, o que retiraria investimentos de países emergentes, como o Brasil, ampliava o clima de aversão ao risco entre os investidores. Entre as 24 principais moedas emergentes do mundo, 23 desvalorizavam-se em relação ao dólar às 11h30. O dólar de Hong Kong se mantinha estável frente a moeda norte-americana.

CENÁRIO FISCAL

Está prevista para esta terça-feira a votação da chamada pauta bomba no Congresso, em que os parlamentares decidirão se derrubam ou não 32 vetos presidenciais de medidas que preveem o aumento dos gastos públicos. Se derrubadas, elas ampliariam o rombo nas contas do país.

As atenções também estão voltadas ao encontro do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e representantes da agência de classificação de risco Fitch Ratings, às 12h.

No início do mês, a agência Standard & Poor's rebaixou a nota de crédito do país, retirando seu selo de bom pagador. O receio é que o Brasil também perca o chamado grau de investimento das agências Fitch Ratings e Moody's. Com duas classificações como essa, grandes fundos estrangeiros têm que remover suas aplicações do país pelo risco maior de calote.

No caso da Fitch, a nota brasileira ("BBB") está dois degraus acima do limite entre grau de investimento e especulativo, por isso mesmo que a agência resolva cortar a nota do país em um nível, o Brasil manteria o selo de bom pagador concedido pela agência.

CURVA DE JUROS

A alta do dólar tende a pressionar a inflação, já que encarece os produtos importados. O IBGE divulgou nesta terça-feira que o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15) desacelerou para 0,39% em setembro. O índice é considerado uma espécie de prévia da inflação oficial. No ano, porém, a inflação acumula avanço de 7,78% —o mais elevado para o período desde 2003 (8,46%).

Este cenário tem feito com que os investidores apostem em juros mais elevados nos próximos anos, também pela expectativa de que o Brasil terá de pagar taxas maiores para atrair investidores estrangeiros dispostos a bancar o risco de investir num país pouco confiável na avaliação das agências de risco.

As taxas de juros futuros negociadas na BM&FBovespa voltaram a subir nesta sessão. O contrato de DI para janeiro de 2021 apontava taxa de 16,120% perto de 12h, ante 15,810% na sessão anterior. O DI para janeiro de 2016 subia para 14,580%, ante 14,540%.

Na véspera, o Banco Central e o Tesouro fizeram uma ação conjunta para tentar conter a escalada do dólar e dos juros. O Tesouro informou que fará outra operação extraordinária nesta terça, sem detalhes.


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