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19/09/2017 às 12h49min - Atualizada em 19/09/2017 às 12h49min

Movimento LGBTI de AL deve pedir que Estado entre com ação contra decisão sobre cura gay

O Fato com Cadaminuto

Após a decisão da Justiça do Distrito Federal ter liberado que psicólogos tratem gays e lésbicas como doentes, podendo fazer terapia de “reversão sexual”, a reportagem entrou em contato, nesta terça-feira (19), com o presidente do Grupo Gay de Alagoas (GGAL) Nildo Correia e com a presidente da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia (CRP -15/2738), Thalita Carla, para saber a opinião deles sobre a decisão.

O presidente do GGAL afirmou que para o país, isso é um retrocesso e que abre brechas para que outros Estados possam reforçar a decisão do juiz Waldemar Cláudio de Carvalho que é liminar e acata parcialmente o pedido de uma ação popular.

“Isso é uma visão arcaica que pode gerar maiores danos. Sabemos que até a década de 70, a homossexualidade era dada como doença e aí abria brechas para que familiares com base nessa questão internasse os familiares e isso acabou gerando sequelas para muitas pessoas”, comentou.

Nildo Correia afirmou que o Movimento LGBTI vai entrar com uma ação e que outros órgãos e instituições vão se unir para que seja derrubada a decisão. Nildo disse que nesta quarta-feira (20) o movimento de Alagoas vai se reunir para discutir formas de mobilização e ação.

“Uma das nossas propostas é que o Estado de Alagoas também entre com ação, à medida que vários magistrados peçam a derrubada, vamos conseguindo. Eu ainda acredito na Justiça e que o Supremo não vai deixar que isso se prolifere”, ressaltou.

A presidente da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia da 15ª Região (CRP-15), Thalita Melo, disse à reportagem que se mostrou totalmente contrária à decisão do juiz Waldemar Cláudio.

“O primeiro parecer do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e de todos os CRPs do país são contrários à decisão do juiz em virtude de fatos muito óbvios. Ela desconsidera a decisão da Organização Mundial de Saúde (OMS) que desde a década de 90 retira a homossexualidade do Código Internacional de Doenças”, disse a presidente que ainda cita a declaração universal de Direitos Humanos como outro exemplo.

“Este tipo de decisão ampara apenas um grupo pontual de profissionais que acreditam numa terapia de reversão, que já foi desconsiderada pela ciência pelos danos que produz, pois até pode alterar algum comportamento, mas não modifica o conflito ou o sofrimento psicossocial, podendo até intensificá-lo, provocando o aumento de incidência de suicídios da população LGBTI, o abandono e a expulsão desses sujeitos do seu ambiente familiar. Por isso, todos os profissionais de saúde precisam modificar sua postura para que estes sujeitos possam ter uma condição de vida mais digna e garantir mais direitos”, explicou.

Apoio à causa LGBTI

Thalita Melo ainda deixou claro que os CRPs do Brasil, especialmente a de Alagoas, devem manifestar-se através de apoio ao movimento LGBTI para pressionar o governo. “Essa decisão precisa ser revista. Argumentar em favor de uma possível cura ou reversão é completamente contrário aos princípios do nosso código de ética e de nossas normativas”, declarou.

A assessoria de comunicação do Conselho Regional de Psicologia de Alagoas deve emitir em breve uma nota sobre o assunto.

*Estagiário


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