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08/03/2018 às 23h43min - Atualizada em 08/03/2018 às 23h43min

A difícil missão de ser mulher em Alagoas

Marcus Robson Filho

A difícil missão de ser mulher em Alagoas

Como todos sabemos, no dia 08 de março, celebra-se o Dia Internacional da Mulher. Nesse dia, mulheres e homens de todo o mundo relembram o incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York em 1911, quando cerca de 130 operárias morreram carbonizadas, enquanto reivindicavam melhoria das condições de trabalho delas, que eram ainda piores do que as dos homens à época, fato que se transformou em um marco na trajetória das lutas feministas ao longo do século XX.

A data nunca serviu exatamente para uma comemoração, ainda mais em países como o Brasil, onde as mulheres sempre foram alvos de sistemáticos ataques a seus direitos. A exclusão, o machismo e uma brutal violência sempre foram usados pelas mulheres e homens que se preocupam com a temática para transformar esse dia em uma dia de reflexão sobre a condição da mulher em uma sociedade em que ainda lhe é bastante hostil.

Ser mulher no Brasil não é uma tarefa fácil, tendo em vista que o Brasil possui a 5ª maior taxa de feminicídio do mundo. Contudo, ser mulher em Alagoas é uma tarefa ainda mais arriscada e complexa, porquanto, segundo dados coletados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Alagoas figura entre os três Estados com maiores taxas de feminicídios no Brasil

O feminicídio é apenas o desenlace trágico da violência cotidiana que se pratica contra a mulher em nosso Estado. A violência por elas sofridas em seu próprio lar, perpetrada quase sempre por seus cônjuges, companheiros e até mesmo por seus ex-cônjuges e ex-companheiros, fazem parte de um cenário tenebrosamente cotidiano de absoluto desrespeito a sua condição de mulher e de extrema.

Com efeito, esse é só um dado desvelador da precária situação dos Direitos Humanos em Alagoas, indicando que, por essas bandas, o Estado de Direito tem uma existência mais formal do que real, o que se explica pelos traços de autoritarismo e patrimonialismo que sempre fizeram parte do apanágio das elites locais (LESSA, Golbery. Uma outra Alagoas é possível), servindo para agudizar os traços de nossa cultura machista.

Assim sendo, ao mesmo tempo em que devemos felicitar todas as mulheres pela passagem dessa, nós homens temos o dever de contribuir com a reflexão crítica a respeito desse hostil cotidiano, bem como com as lutas travadas pelas mulheres desse Estado a fim de mitigar esse panorama de violência na qual estão inseridas.

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